Laboratório de Extensão e Pesquisa em Arte

Arquivos Pessoais de Artistas: questões sobre o processo de criação

Apresentar o livro daquele que é para mim, exemplo de profissional, grande pesquisador e fonte de ensinamentos constantes, é na verdade uma grande honra. Significa também, motivo de grande felicidade, uma vez que o título deste livro: Arquivos de Artistas, arquivos pessoais: questões sobre o processo de criação, traz duas grandes paixões: as artes plásticas e a arquivologia, que se entrelaçam quando o autor discorre sobre esses registros, que são produzidos pelos artistas no percurso de sua obra.

Com o desenvolvimento de novas pesquisas, no século XX, as fontes documentais, oriundas das investigações realizadas acerca dos processos usados pelos artistas, no desenvolvimento de sua obra, trazem a questão dos arquivos pessoais para as artes plásticas, e apontam um novo panorama no século XXI, no qual esses estudos são aprofundados, trazendo, dessa forma, importantes questões para a arquivologia: Como trabalhar esse acervo? De que forma essa pro- dução documental é gerada e vem sendo tratada, uma vez que ao final da obra podem ser esquecidas, como afirma o autor, perdendo seu contexto e, consequentemente, sua organicidade? Como classificar, avaliar e descrever esses dossiês, permitindo seu acesso e difusão? Como preservar esses acervos, uma vez a preservação do patrimônio documental é responsabilidade dos profissionais arquivistas?

O autor faz ver que esses conjuntos documentais possuem forma- tos, suportes e tipologias diversos, que precisam ser tratados dentro de suas especificidades, pois, os documentos resultantes do processo de criação, são registros que trazem, não apenas a forma como a obra foi produzida, mas o resultado de pesquisas que mostram a evolução dessa área do conhecimento humano, se tornando fontes de pesqui- sa para a crítica e a história da arte, assim como para a sociologia da arte e da ciência, como é relatado ao longo do livro. Portanto, os arquivistas devem fazer a sua gestão documental, permitindo a preservação da memória desse campo do saber.

A arquivologia, como as demais áreas do conhecimento, ao longo dos anos tem passado por vários processos de evolução, avançando em meio a conflitos, novas reflexões, novas pesquisas, novas descobertas, que ampliam o olhar sobre o documento, e à medida que evolui como disciplina, traz em seu bojo novas formas de trabalho, aumentando a inserção do profissional arquivista no mercado de trabalho.

Estas reflexões sobre documentos de processo de criação, trazidas pelo professor Cirillo, mostram a importância e necessidade daqueles que são responsáveis pela formação do profissional arquivista alargar o olhar sobre os arquivos pessoais, uma vez que esse ainda é um tema pouco estudado, e ao mesmo tempo apresenta aos arquivistas um espaço de trabalho, ainda a ser explorado, onde novas oportunidades devem ser identificadas, pois, apesar do perfil do arquivista se alterar ao longo do tempo, pouca ou nenhuma ênfase é dada aos arquivos pessoais nos cursos de Arquivologia e poucos são os profissionais que buscam sua inserção nessa área.

ROSA DA PENHA FERREIRA DA COSTA

Profa. do Departamento de Arquivologia
Profa. do Mestrado em Ciência da informação /UFES

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